Programação
cênica

Em sinergia com a mostra, a Ocupação traz novas montagens de peças de Tônia em diálogo com a atualidade

A atriz Luisa Thiré, neta da homenageada na Ocupação, apresenta Navalha na Carne, peça que foi um divisor de águas na dramaturgia nacional e na carreira de Tônia. Com Carlos Arthur, João e Miguel – todos Thiré – ela também faz uma leitura dramatizada de O Monstro de Olhos Azuis. Fabiano Dadado de Freitas assina websérie de teleteatro com Calúnia, Frankel, Um Deus Dormiu Lá em Casa e Quartett.

No dia do centenário de Tônia Carrero, 23 de agosto, o palco da Sala Itaú Cultural abre para a apresentação de Navalha na Carne, peça de Plínio Marcos encenada nos anos de 1960 pela atriz homenageada nesta Ocupação. No seu lugar, Luisa Thiré interpreta a prostituta Neusa Sueli, papel que foi fundamental na carreira de sua avó. Com ela, contracenam Alex Nader e Ranieri Gonzalez, sob direção de Gustavo Wabner.  

De 25 a 28 do mesmo mês, os netos Carlos Arthur, Luisa e Miguel se reúnem para fazer a leitura dramática de O Monstro de Olhos Azuis, livro que Tônia escreveu sobre suas memórias de infância. João, o neto mais novo, toca ao vivo a trilha sonora composta por ele. Neste encontro, dirigido por Inez Viana, a família mescla à interpretação do texto os seus comentários sobre momentos que os marcaram, na convivência com Tônia, em livre depoimento.  

Em setembro, um recorte da dramaturgia encenada por Tônia Carrero em diferentes momentos de sua carreira, ganha a wébserie de teleatro Tônia, um corpo político  em quatro episódios: Calúnia, Frankel, Um Deus Dormiu Lá em Casa  e Quartett. Os diferentes temas de cada um dialogam com a atualidade. O diretor também optou por convidar atores e atrizes negros e negras e transgêneros que praticamente não tinham acesso aos palcos nos tempos de Tônia Carrero.

Quando, em 2018, Luisa escolheu fazer nova montagem de Navalha na Carne, ela se surpreendeu com a atualidade do texto de Plínio Marcos encenado por sua avó em 1967, dirigida por Fauzi Arap. A narrativa contém assuntos que hoje estão na ponta do debate – da homofobia à violência sofrida pelas mulheres e o machismo.  

Na peça, a decadente prostituta Neusa Sueli, apaixonada por Vado, seu cafetão – hoje interpretado por Alex Nader e naquela época vivido por Nelson Xavier–, tem uma relação de amor submisso e de dependência. Em meio a brigas e desavenças, ela vai às ruas para ganhar dinheiro. Ele sai com outras mulheres e passa a vida sossegado. O homossexual Veludo – na pele de Ranieri Gonzalez, atualmente, e de Emiliano Queiroz nos anos 60 –, que trabalha como faxineiro na pensão onde eles vivem, rouba todo o dinheiro que ela deixou para o amante, antes de sair para mais uma noite de trabalho.  

Ao voltar, Neusa é intimada por Vado e inicia-se violenta discussão devido ao sumiço do dinheiro. Veludo é chamado para esclarecer o roubo. Os três discutem fortemente até que ele assume a autoria do furto e é enxotado dali. Concluída a história, o cafetão vai para a farra e ela termina sozinha em seu quarto.  

Plínio Marcos escreveu este texto em plena ditadura militar, tornando-se, por fim, um dos mais importantes da dramaturgia brasileira. Na época, a peça foi censurada e proibida de ser encenada até que Tônia Carrero, uma das atrizes mais atuantes de seu tempo, conseguiu a liberação e a produziu, em 1967. Esta história é contada na montagem atual em vídeo que abre a apresentação na própria voz e imagem de Tônia e Plínio.  

Vale lembrar que Luisa montou esta peça em 2018, em homenagem a Tônia e com ela correu, com sucesso de público e crítica, por cidades do Brasil. Também conquistou indicações a prêmios, como o de melhor produção, para Luisa Thiré Produções; melhor ator em papel coadjuvante para Ranieri Gonzalez, e de melhor cenografia para Sergio Marimba – todos da Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro/APTR, em 2019. Ranieri e Marimba concorreram, também, ao prêmio Questão de Crítica. Ainda naquele ano, a trupe levou o espetáculo para as cidades do Porto e Lisboa, em Portugal.

Em seu livro O Monstro de Olhos Azuis, lançado em 1986, Tônia Carrero abre a sua memória da infância e revela fatos, pessoas, sentimentos, decepções e alegrias. Tudo sedimentado, fez dela uma das grandes atrizes e personalidades de seu tempo.

Sob o olhar dos quatro netos, atravessados pelo amor incondicional a sua avó, a leitura dramatizada deste texto, traz histórias, lembranças e memórias de momentos divididos em família, em casa, no colo, nos braços da diva que foi, no palco e na vida, dona de seu tempo e de seus passos, marcando inexoravelmente a família para o mundo das artes.

Em quatro episódios de cerca de 10 minutos a websérie Tônia, um corpo político apresenta recortes de peças emblemáticas na carreira da atriz. Elas levantam discussões diversas e mostram sua versatilidade entre a comédia, o drama, o teatro realista e o contemporâneo, além de sua busca constante pela renovação do seu ofício, atenta às atualizações das formas de se fazer teatro ao longo de sua trajetória. A seleção dos textos foi realizada junto à equipe Itaú Cultural e a direção é de Fabiano Dadado de Freitas.

O primeiro episódio traz Um Deus Dormiu Lá em Casa. Com esta peça, Tônia estreou no teatro em 1949, ao lado de Paulo Autran. Com texto de Guilherme Figueiredo e direção de Silveira Sampaio, ela foi encenada originalmente no Teatro Brasileiro da Comédia TBC e posteriormente remontada diversas vezes. Trata-se de uma comédia que faz uma paródia da obra de Plauto, Anfitrião. O personagem central, ao voltar da guerra decide testar a fidelidade de sua esposa e se apresenta a ela como a encarnação de Júpiter sob aparência humana. Na websérie do Itaú Cultural, encarnam estes papéis Gabriel Lodi e Rudá.

Quartett, o segundo episódio, se baseia em grande texto da dramaturgia europeia escrito pelo alemão Heiner Muller. Tônia atuou sob direção de Gerald Thomas ao lado de Sérgio Britto, em 1986. Hoje é encenada por Leandro Vieira e Flávia dos Prazeres.

Em 1957, Tônia atuou ao lado de Paulo Autran na peça Frankel, escrita pelo jornalista, romancista, biógrafo e dramaturgo Antonio Callado, com produção da Companhia Tônia-Celi-Autran. Nela, a atriz encarna uma antropóloga do Museu Nacional, que está no Xingu ao lado de um geólogo e um jornalista. A volta ao Rio de Janeiro é adiada devido a enchentes do rio Amazonas. Enquanto aguarda o resgate, o trio, abalado pela morte do cientista que dá nome à peça, discute calorosamente desavenças amorosas, questões éticas e o trabalho que eles desenvolvem nas regiões indígenas. O texto é de 1950 e lá estão temas tão atuais quanto grilagem, garimpo, matança nas terras onde vivem os habitantes originais do país. Interpretam os papéis, hoje, no terceiro episódio do teleatro, Ronaldo Serruya e Tatiana Ribeiro.

Por fim, o episódio de Calúnia encerra a websérie. Baseada em The Children’s Hour, texto escrito em 1934 por Lillian Hellman, Tônia estreou a peça no Teatro Mesbla do Rio de Janeiro em 1958. Sob a direção de Adolfo Celi, a atriz encenou ao lado de Margarida Rey interpretando duas mulheres “canceladas”, como se diz hoje, por suspeita de terem um caso lésbico. Amigas por muitos anos, ambas administram uma escola para meninas. Uma aluna, revoltada por ter levado bronca, joga essa intriga entre seus familiares, o boato se espalha e as duas são condenadas socialmente.

Posteriormente, William Wyler levou a história para o cinema com Audrey Hepburn, Shirley MacLaine e Miriam Hopkins. A peça ainda teve duas montagens nos palcos brasileiros: em 1981, com Ariclê Perez e Sylvia Bandeira e direção de Bibi Ferreira, e em 2006, quando Janaína Mendes e Michelle Catunda foram dirigidas por Eduardo Wotzik. Neste teleteatro de Dadado, que inaugura a gravação de ficções teatrais no novo estúdio do Itaú Cultural, o elenco é formado por Maura Ferreira e Camilla Flores.

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De 13 de agosto a 6 de novembro de 2022
Terças-feiras a sábado das 11h às 20h
Domingos e feriados das 11h às 19h

Pesquisa, concepção, curadoria e realização: Itaú Cultural
Cocuradoria: Luisa Thiré
Projeto expográfico: Kleber Montanheiro

Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149 – Próximo à estação de metrô Brigadeiro.
Pisos 1º, 1ºS e 2ºS

Ingressos: gratuitos

Informações pelo telefone: (11) 2168-1777.
Atualmente, esse número funciona de segunda-feira a domingo, das 10h às 18h.

E-mail: atendimento@itaucultural.org.br

Programação Cênica

Navalha na Carne – Uma homenagem a Tônia Carrero
Com Luisa Thiré, Alex Nader e Ranieri Gonzalez
Dia 23 (terça-feira), às 20h
Sala Itaú Cultural
Capacidade: 224
Duração: 1h
Classificação Indicativa: 16 anos (violência psicológica, violência física, discriminação, vocabulário chulo)
Distribuição de ingressos: INTI. Consulte o site a partir de 17 de agosto, quando serão abertas as reservas

O Monstro de Olhos Azuis – Memórias de Tônia Carrero
Com Luisa, Carlos Arthur, João e Miguel Thiré
De 25 a 27 (quinta-feira a sábado), às 20h
Dia 28 (domingo), às 19h
Sala Itaú Cultural
Capacidade: 224
Duração: 1h
Classificação Indicativa: 12 anos (vocabulário culto)
Distribuição de ingressos: INTI. Consulte o site a partir de 17 de agosto, quando serão abertas as reservas

Protocolos

Seguindo os protocolos sanitários vigentes, o uso de máscara nos espaços internos do Itaú Cultural passa a ser opcional. Contudo, visando a segurança e a saúde de público e funcionários, recomendamos o uso da máscara cobrindo boca e nariz durante toda a permanência nos ambientes internos do prédio. 

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